Governo sem sombra

Às escuras, na opacidade das negociatas, apostando que todo homem tem seu preço.

Ademir Ramos (*)

Não se trata de viajar no mundo da ficção como bem fez o alemão Paul Verhoeven em seu filme “o homem sem sombra”. Nosso propósito é compreender as ações de um governo que “nem cheira e nem fede” marcado por sua inoperância, omissão ou indiferença quanto à atenção, zelo e cuidado com a coisa pública. Contrário a esta aptidão governa tão somente para poucos deixando o povo, a maioria, a mercê da sorte da vida ou da morte pouco importa.

AQUI A POLÍTICA IMITA A ARTE: No filme, a sombra de forma violenta passa a cobrar, manipular e direcionar o agente para realização de seus negócios particulares. Tal como agem as facções, sejam elas de qualquer natureza, quando bancam a candidatura de determinado governo ou político querem porque querem direcionar o mandato do eleito para seus fins familiares ou empresariais valendo-se da miséria e da dor do povo, em tempo de pandemia ou não. Nesta situação o governante assim como o político não se pertence mais se torna refém dos seus patrocinadores.

RAPINAGEM COMO REGRA: Nem tanto ao mar nem tanto a terra.  O agente público por falta de habilidade, responsabilidade e compromisso popular queda moralmente e politicamente por não trabalhar o processo de governança numa perspectiva mais ampla – médio ao longo prazo – a rapinagem, a corrupção torna-se regra como forma de satisfazer a volúpia dos seus agenciadores. Sem unidade e equilíbrio no governo ou em seu mandato, o político compromete o seu futuro, sobretudo, a formação do Estado Social fincado na racionalidade dos meios em direção aos fins aqui transformados em políticas públicas de qualidade em atenção à saúde, educação, segurança, trabalho, renda, riqueza, entre outras demandas populares.  
   
ÀS ESCURAS: O governo sem sombra vive às escuras, na opacidade das negociatas, apostando que todo homem tem seu preço, que seus comparsas podem comprar de pronto agentes públicos fazendo valer desta forma imediata à vontade de permanecer no governo assaltando o cofre público. Despudorado perde o respeito de si mesmo e transforma o cinismo em sua regra palaciana, quando simultaneamente recorre às mídias sociais e aos meios de comunicação de massa na tentativa de convencer o povo da veracidade de seus atos. 

NESSE REINO BOI É CAPAZ DE DANÇAR: Sem luz e sem sombra este governo não convence seus próprios aliados palacianos podendo tropeçar nas suas próprias pernas quando confrontado pelo Tribunal de Contas, Ministério Público, Corte de Justiça e pelo julgamento popular nas urnas. De toda forma, enquanto sua caneta tiver tinta estejamos atentos as suas anotações e ao direcionamento de sua conduta política porque nesse reino limão vira limonada e boi dança em tablado para alegria de uns e tristeza de muitos.  

(*) É professor, antropólogo, coordenador do núcleo de cultura política do Amazonas vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais da UFAM. E-mail: ademiramos@hotmail.com

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